Reencontrei alguém que eu
perdera para as drogas e estou vivendo um milagre.
Tudo o que acontece, desde o momento em que desperto pela manhã até o momento em que adormeço a noite, eu percepciono de uma nova forma.
Até meu sono mudou. Saiu do estado de alerta.
Eu tinha um sonho recorrente no qual nós dois vivíamos felizes até que, por descuido, ele ingeria algo que continha um veneno letal.
Mas ele continuava feliz, ignorando o fato de estar envenenado.
No entanto eu perdia minha alegria para o reconhecimento da eminência do seu fim.
O sonho a noite e, durante o dia a consciência de que ele estava se destruindo.
Eu deveria tê-lo esquecido, mas nunca consegui.
Um raro caso onde o medo de perder para sempre foi maior do que a esperança de ter de volta. E que, ainda assim, resultou no reencontro.
Hoje estou em modo descanso - mesmo que esteja correndo numa esteira fazendo um exame de esforço, me sinto descansada.
Descansada de um medo que assombrou minha vida todos os dias durante décadas.
Medo de que ele desistisse e deixasse que o álcool e as drogas determinassem o seu fim.
Quem sente esse medo sabe as proporções que ele pode tomar.
O mais tranquilo passeio num parque florido em plena primavera é tenso.
O mais leve sorriso esboçado num momento feliz é pesado.
Nada é leve. Nem mesmo a fé.
Quando tememos perder alguém para as drogas, a fé que temos carrega o peso da desilusão.
Tudo o que acontece, desde o momento em que desperto pela manhã até o momento em que adormeço a noite, eu percepciono de uma nova forma.
Até meu sono mudou. Saiu do estado de alerta.
Eu tinha um sonho recorrente no qual nós dois vivíamos felizes até que, por descuido, ele ingeria algo que continha um veneno letal.
Mas ele continuava feliz, ignorando o fato de estar envenenado.
No entanto eu perdia minha alegria para o reconhecimento da eminência do seu fim.
O sonho a noite e, durante o dia a consciência de que ele estava se destruindo.
Eu deveria tê-lo esquecido, mas nunca consegui.
Um raro caso onde o medo de perder para sempre foi maior do que a esperança de ter de volta. E que, ainda assim, resultou no reencontro.
Hoje estou em modo descanso - mesmo que esteja correndo numa esteira fazendo um exame de esforço, me sinto descansada.
Descansada de um medo que assombrou minha vida todos os dias durante décadas.
Medo de que ele desistisse e deixasse que o álcool e as drogas determinassem o seu fim.
Quem sente esse medo sabe as proporções que ele pode tomar.
O mais tranquilo passeio num parque florido em plena primavera é tenso.
O mais leve sorriso esboçado num momento feliz é pesado.
Nada é leve. Nem mesmo a fé.
Quando tememos perder alguém para as drogas, a fé que temos carrega o peso da desilusão.
Eu e ele temos quase a mesma
idade. Vivi no máximo um ano neste mundo sem sua presença.
Não lembro da minha vida sem ele.
Mas aquele garoto, com quem brinquei e briguei na infância e com quem contava para viver minha adolescência, desapareceu em algum lugar na estrada da juventude.
Não desapareceu subitamente. Ele foi sumindo aos poucos. Como se tivesse pego a bifurcação da estrada sem olhar pra trás.
Eu permaneci lá, naquela bifurcação, olhando seu vulto cada vez mais distante.
Sei que a minha vida seguiu e que foi fruto da minha própria caminhada.
Mas sempre vivi com a sensação de que estava lá, parada, esperando ele voltar.
Até que ele voltou.
Voltou aos poucos, assim como se foi.
A volta é lenta, talvez mais lenta que a partida.
Como uma imagem distante vindo em minha direção, ele foi ficando cada vez mais nítido.
E eu o reconheci.
Um difícil reconhecimento, décadas depois.
Mas eu o reconheci.
Primeiro a respiração.
Depois o tom da voz.
Não lembro da minha vida sem ele.
Mas aquele garoto, com quem brinquei e briguei na infância e com quem contava para viver minha adolescência, desapareceu em algum lugar na estrada da juventude.
Não desapareceu subitamente. Ele foi sumindo aos poucos. Como se tivesse pego a bifurcação da estrada sem olhar pra trás.
Eu permaneci lá, naquela bifurcação, olhando seu vulto cada vez mais distante.
Sei que a minha vida seguiu e que foi fruto da minha própria caminhada.
Mas sempre vivi com a sensação de que estava lá, parada, esperando ele voltar.
Até que ele voltou.
Voltou aos poucos, assim como se foi.
A volta é lenta, talvez mais lenta que a partida.
Como uma imagem distante vindo em minha direção, ele foi ficando cada vez mais nítido.
E eu o reconheci.
Um difícil reconhecimento, décadas depois.
Mas eu o reconheci.
Primeiro a respiração.
Depois o tom da voz.
A mesma de quando éramos crianças.
Neste olhar estava clara a decisão de lutar pela vida.
Decidiu viver, só por hoje
É um vencedor.
O maior dos vencedores.
Vence a si mesmo, um dia de cada vez.
Hoje ele leva uma vida simples e calma.
Mantém dia a dia uma rotina que lhe protege das armadilhas do vício - do perigo das bifurcações.
Num dia quente deste verão eu o vi inteiro na minha frente.
Ele me convidou para tomarmos um sorvete.
Fiquei olhando embevecida ele tomar seu sorvete como quem toma de volta a adolescência roubada. Como quem toma a vida levada num sequestro impagável.
Ao seu lado eu era uma garotinha orgulhosa de tê-lo comigo.
Um orgulho sem razão.
Orgulhosa por ele estar ali, somente.
Nada do que eu dissesse ou fizesse demonstraria o que eu estava sentindo.
Graças a Deus existe o silêncio.
A decisão de voltar foi dele e cabe somente a ele decidir se vai permanecer.
Reconheço que cada instante ao seu lado é uma dádiva.
As minhas orações são para que ele fique. Para que ele nunca mais vá embora.
Passaram-se meses desde sua volta.
Porém, mesmo que tivesse sido um único instante já teria valido a espera.
Não ouso pensar no amanhã.
Neste olhar estava clara a decisão de lutar pela vida.
Decidiu viver, só por hoje
É um vencedor.
O maior dos vencedores.
Vence a si mesmo, um dia de cada vez.
Hoje ele leva uma vida simples e calma.
Mantém dia a dia uma rotina que lhe protege das armadilhas do vício - do perigo das bifurcações.
Num dia quente deste verão eu o vi inteiro na minha frente.
Ele me convidou para tomarmos um sorvete.
Fiquei olhando embevecida ele tomar seu sorvete como quem toma de volta a adolescência roubada. Como quem toma a vida levada num sequestro impagável.
Ao seu lado eu era uma garotinha orgulhosa de tê-lo comigo.
Um orgulho sem razão.
Orgulhosa por ele estar ali, somente.
Nada do que eu dissesse ou fizesse demonstraria o que eu estava sentindo.
Graças a Deus existe o silêncio.
A decisão de voltar foi dele e cabe somente a ele decidir se vai permanecer.
Reconheço que cada instante ao seu lado é uma dádiva.
As minhas orações são para que ele fique. Para que ele nunca mais vá embora.
Passaram-se meses desde sua volta.
Porém, mesmo que tivesse sido um único instante já teria valido a espera.
Não ouso pensar no amanhã.
Reencontros são milagres.
Texto extraído do Blog "Grayceando":
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