O alcoolismo, a doença da
família, obscurece nosso senso de realidade, tornando difícil distinguir o que
é nossa responsabilidade e o que não é.
Alguns entre nós evitam assumir responsabilidades, dependendo dos outros
para cumprir nossas obrigações. Alguns
se tornam facilitadores, fazendo pelos outros aquilo que eles deveriam ter o
direito de fazer por si mesmos. Um falso
senso de responsabilidade nos sussurra que somos completa e eternamente
culpados, e pode nos impedir de ter qualquer perspectiva de nossas
circunstâncias. O desligamento com amor
às vezes significa amar a nós mesmos o suficiente para cessar com a culpa, medo
e autopiedade por tempo suficiente para estabelecer uma separação entre nós e o
problema, até que possamos esclarecer nossas opções e responsabilidades,
identificar como nós contribuímos para o problema, e esquecer o resto.
Mas o desligamento pode ser
um processo muito desagradável. Em
situações que escapam ao nosso controle, como, experimentar sentimentos
opressivos ou ver nossos queridos alcoólicos enfrentarem as consequências de
seus próprios atos, levam muitos de nós, automaticamente, a procurar alguém
sobre quem descarregar a culpa ou o ressentimento. Alguns passam horas e horas catalogando
injustiças e discutindo interiormente com pessoas ausentes. Ou nos voltamos contra nós mesmos, atacando
com armas como a vergonha, a culpa, o ódio a nós mesmos, e a dúvida. Pode ser que nos comportemos de maneira
autodestrutiva ou até pensemos em suicídio.
Nossos pensamentos nos levam a acreditar que não somos bons o
suficiente, que nossas circunstâncias não são boas o suficiente, que não
possuímos o suficiente nem fazemos o bastante, e que somos vítimas sem direito
a esperança. Mesmo depois de anos de
recuperação talvez apontemos e dedo contra nós mesmos e digamos: “Depois de “X”
anos no Al-Anon, eu não deveria estar nesta situação” ou: “Uma pessoa com
espiritualidade não deveria sentir isso”.
Todo sentimento que não vem
à tona pode exercer domínio sobre nós. É
possível que ainda precisemos sentir culpa, arrependimento, dúvida e
ressentimento sem censura, antes que possamos nos livrar deles. Reconhecer e compartilhar esses sentimentos
com um padrinho de Al-Anon e com outros companheiros pode ser de grande
ajuda. Uma vez que esses pensamentos e
sentimentos são expostos, teremos alguma coisa para trabalhar.
Entretanto, a longo prazo,
muitos de nós descobrimos que, esteja o dedo apontando para nós mesmos ou para
outras pessoas, toda vez que atacamos, nós perdemos. Ou nos aferramos na crença de que somos
vítimas indefesas num mundo hostil, ou nos convencemos de que realmente
merecemos que nos tratem mal.
Pensamentos de violência podem ser tão eficazes como qualquer droga para
desviar nossa atenção de nós mesmos, de nossos verdadeiros sentimentos e de
nossas responsabilidades – e com o tempo, podem se tornar igualmente
destrutivos.
Alguns de nós realmente
foram vítimas no passado. Talvez tenham
tido poucas chances; ou talvez não tenham reconhecido as opções que estavam à
sua disposição. Hoje sabemos que a
escolha está em nossas mãos – nós
decidimos se queremos ou não permanecer como vítimas. No Al-Anon, aprendemos que a mudança de
atitude pode ajudar na recuperação. O
que vamos aprender com nossos pensamentos e atitudes está em nossas mãos.
Você pode compartilhar essa postagem com alguém. Basta clicar no
envelope logo abaixo, no rodapé desta mensagem.