DESLIGAMENTO EMOCIONAL COM AMOR


Meu marido e eu não encontramos imediatamente uma nuvem cor-de-rosa quando entramos para o AA e Al-Anon; não tivemos uma fase de lua-de-mel como muitas pessoas parecem ter tido.  Os dois primeiros anos de sobriedade foram piores do que qualquer coisa que tenhamos tido durante o alcoolismo ativo.  Eu estava confusa, e ainda não tinha absorvido os ensinamentos do Al-Anon que poderiam impedir de me sentir desesperada por seu comportamento.  Pela primeira e única vez em nossa vida de casados ele se tornou verbalmente tão agressivo, que era quase impossível acreditar.

Fizeram-me lembrar de que, para o alcoólico, beber não é o problema – é a solução.  O álcool servia para ele como fonte de segurança, coragem e serenidade.  Agora, ele muitas vezes entra em pânico, porque ainda não encontrou outras fontes para suprir essas necessidades muito reais. 

O Al-Anon não promete salvar casamentos,  só promete sanidade!  Se você quer conservar o casamento,  disseram eles, então aceite o fato de que você não conseguirá um comportamento saudável de uma pessoa doente, nem afirmações lógicas de uma pessoa ilógica.  Isso também inclui a mim.  Eu esperava melhorar imediatamente.  Agora sei que, talvez eu nunca fique boa, mas ficarei sempre melhor e posso me tornar mais delicada com ele e comigo mesma. 

Também me fizeram lembrar de que não aceitamos o inaceitável, e que esse inaceitável varia de pessoa para pessoa.  Aquilo que eu não poderia aguentar por cinco minutos, talvez você possa tolerar sem dificuldade e vice-versa.

Ele me disseram para examinar a possibilidade de que eu possa ter necessidade de um casamento doentio.  Talvez eu tenha necessidade de sofrer de alguma maneira, de ser maltratada, e que conseguirei isso, não importam as circunstâncias.  Pensei muito sobre isso, antes de concluir que, no meu caso, não era verdade. 

Naquela época me recomendaram, especialmente, que não ficasse caminhando sobre ovos, com medo de despertar a cólera dele.  Me disseram que um alcoólico controla a sua família pela bebida: “Não faça isso porque papai pode se embebedar”.  É um processo bem pequeno, quando ele começa a controlar pela ira: “Não faça isso porque papai pode ficar furioso”.  Aprendemos que, sempre que agíssemos com amor e cortesia, ficar furioso era problema dele.
Tudo isso era muito útil, mas eu precisava de sugestões específicas e concretas sobre como proceder, então me deram três que, realmente, me sustentaram durante aqueles meses:

1    1) Construa um escudo invisível entre você e ele, um escudo de amor.  Use-o quando começar a agressão, as palavras vão se chocar no escudo e cair sem atingir você.  Procure visualizar esse escudo com precisão; faça com que ele seja real em sua mente.

      2)  Lembre-se de que ele só tem um ou dois anos no AA, e que é muito parecido com um bebê nessa idade, que bate nas pessoas que o estarão carregando.  Nós não costumamos bater de volta.  Somente o seguramos bem afastado para que não nos atinja.

      3) Quando ele estiver despejando essa torrente de palavras desagradáveis, disseram eles, imagine-o dizendo essas coisas numa janela de hospital para doentes mentais.  Assim, será que elas a ofenderiam?  Não, pensei eu, porque eu saberia que ele era um doente, e que não eram dirigidas contra mim pessoalmente.  Eles me sugeriram que toda vez que isso acontecesse, eu desenhasse mentalmente uma janela ao redor dele e me desligasse, como se ele estivesse realmente hospitalizado.  Funcionou de maneira surpreendente! Nem posso lhes contar contas centenas de vezes eu desenhei janelas em volta dele e quanto me senti aliviada como resultado. 
   
  Eu não teria conseguido viver assim indefinidamente.  Certas pessoas não mudam; mas o meu marido mudou.  Aquela foi uma fase de sua recuperação, assim com tem havido outras fases dolorosas, e todas passaram.  Seu padrinho continua dizendo sempre: “É impossível ir às reuniões regularmente e nunca mudar.  Ou você muda, ou vai se sentir tão perturbado que vai deixar de ir às reuniões”.  Nós mudamos.



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