
Usei todas as velhas e
inúteis técnicas tentadas por aqueles que têm um alcoólico na família. Chorei, briguei, tentei convencê-la, tentei
suborná-la, neguei-lhe favores. Uma vez,
cheguei mesmo a bater nela. Finalmente
eu própria cheguei ao fundo do poço.

Na reunião eu quase não
falei nada. Estava espantada com a
alegria dos membros. Uma companheira
contou a simples história da sua vida com um alcoólico. Outros fizeram comentários, compartilhando um
pouco das suas próprias histórias à medida que falavam.
Quando o tempo se esgotou,
todos insistiram comigo para qu eu voltasse na próxima semana. Ninguém veio com conversas de ser firme e de não consentir que um filho se
saísse com aquelas bobagens. Disseram-me
que minha filha estava doente, tão doente, como se ela estivesse com diabete,
tuberculose ou qualquer outra doença.

Depois de freqüentar as
reuniões de Al-Anon por meses, finalmente aprendi que o programa ERA PARA MIM
quer minha filha aceitasse AA ou não. O
seu objetivo era ME dar compreensão e tolerância, me ensinando a aceitar com tranqüilidade
aquele peso tremendo.

Certa manhã, depois de uma
das suas piores bebedeiras (tinham me dito que esta era a melhor hora para
falar), desci as escadas para o seu apartamento e lhe falei da minha
decisão. Disse que sentia que tinha
estado errada em assumir as responsabilidades dela e que dali por diante
deixaria que ela mesma dirigisse a sua vida.
Ela ficou sentada cruzando e
descruzando os dedos e, finalmente, perguntou: O que vou fazer? Como vou me arranjar? Você
pode decidir por si mesma.
Respondi, rezando silenciosamente pela ajuda de ser firme. Só
quero que você saiba que eu a amo e que estou tão perto quanto o telefone. Se você precisar de mim, tudo o que tem a
fazer é me chamar. Então a deixei.
Eu tinha instruído a
telefonista e também uma sobrinha, para que a controlassem e me avisassem. Como vêem, eu não tinha realmente me soltado
e me entregado a Deus. Mas depois da
minha reunião de Al-Anon daquela semana vim para casa com uma grande sensação
de alívio. Acho que então eu realmente
tinha me soltado e me entregado a Deus.
No dia seguinte dessa
reunião, a telefonista me chamou para dizer que não tinha conseguido entrar em
contato com minha filha. Corri para
baixo e encontrei jornais de dois dias empilhados diante de sua porta. Ao som da minha chave, seu cachorrinho
começou a latir freneticamente. No mais,
o local estava excessivamente silencioso.
Atravessei correndo a sala para o quarto dela e lá estava ela no chão
com as mãos acima da cabeça, na posição em que costumava dormir quando era
criança. Ela não se mexeu e, quando a
toquei, estava gelada.

Percebi que me agarrei aos
meus companheiros do Al-Anon porque somente eles poderiam compreender a minha
dor. Os preceitos do Al-Anon me ajudaram
a aceitar aquilo que não posso modificar
e estou começando a ter um pouco de serenidade. Foi muito difícil aceitar esta
tragédia, mas acredito que não teria podido aceitá-la de maneira alguma, sem o
programa do Al-Anon.
Leia também outros depoimentos:
Um Salva Vidas do Desespero:
Começou no nosso casamento:
Descobri que eu estava
doente:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será analisado pelos mediadores do Blog antes da publicação.
Para qualquer ajuda, dúvida ou esclarecimento de cunho pessoal, envie um e-mail para: grupovisao.es@gmail.com
Fraternalmente,
AL-ANON - Grupo Visão, Vitória - ES.