DEPOIMENTO ALATEEN: APRENDENDO A PERDOAR


Minhas lembranças das bebedeiras dos meus pais incluem gritarias, blasfêmias e em seguida, agressões físicas.  Por isso, eu era a “boa menininha” – sempre me esforçando, sempre me comportando bem, pois, assim eu não causaria problemas.  A raiva excessiva, mesmo sendo a minha, sempre me assustou, mas no Al-Anon eu estou trabalhando isso.

As lembranças do incesto praticado pelo meu pai sempre foram nebulosas.  Isso aconteceu no início da minha adolescência até a metade dela.  Ele vinha ao meu quarto no meio da noite, e eu acordava quando ele tinha começado a me acariciar.  Eu fingia que continuava dormindo, mas me lembro de gostar da sensação física, embora soubesse que aquilo era errado.  Agora eu sei que a resposta física era natural, mas naquela época eu sentia uma culpa terrível.



Eu não me lembro de tê-lo odiado nunca.  De muitas outras maneiras ele era um pai gentil, amável e querido.  Eu tive que lidar com mais raiva, hostilidade e ódio pela minha mãe do que pelo meu pai.

Eu nunca havia contado isso para ninguém até o dia em que contei ao meu noivo.  Pela graça de Deus ele ouviu a minha história, me aceitou, me amou, me confortou, e não julgou meu pai.  Eu serei eternamente grata ao meu noivo porque ele tornou mais fácil a minha recuperação.  Surpreende-me o fato de que sexualmente parece que estou bem.  Apesar de tudo o que li sobre os efeitos do incesto afirmar o contrário, meu marido e eu desfrutamos de uma vida sexual saudável, a qual me satisfaz plenamente.



Eu sobrevivi sem ódio e levo uma vida plena e carinhosa.  Por causa de tudo o que aprendi no Al-Anon, agora eu sei como meu pai estava doente para fazer o que fez.  Agora eu sou mãe e sei que nunca iria magoar meus filhos de propósito.  Mas na minha doença eu os magoei, apesar do amor que sinto por eles.  Acredito que o mesmo aconteceu com meu pai.








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